quarta-feira, 19 de junho de 2013

Mestre Altay Veloso se apresenta em Niterói em nova turnê

Por: Marcella Monteiro 

Nascido em São Gonçalo, o cantor, compositor e escritor apresenta a ópera ‘Abelê de Jerusalém’, nesta sexta-feira, no Teatro Municipal de Niterói 















Neto de acordeonista e filho do compositor Aguillar Velloso, Altay Veloso tem DNA musical e soube fazer jus a sua herança. Nascido em São Gonçalo, o artista é autor de mais de 400 canções. Algumas já foram gravadas por ícones da MPB como Alcione. Nos anos 80, ele lançou dois álbuns: O cantador e Avatar. No primeiro, interpretou várias composições de sua autoria como Canção de Deus, Isso é tudo, isso é nada, O cantador, Meu nome é noite vadia e uma adaptação literária da obra de Saint Saens, O cisne, além de uma parceria com seu pai, O homem do sertão. No segundo, também interpretou composições próprias.
O talento de Altay para compor culminou na vitória do Festival Sul Americano de Música de Foz do Iguaçu, em 1991, com a canção Luz em parceria com Paulo César Feital, que foi interpretada por Clarisse Grova. No ano seguinte, ao lado de Clarisse Grova, Paulo César Feital e Nina Miranda, fundou a Companhia das Ilusões e fez shows com o grupo por todo o País. O resultado dessa turnê está no álbum Paulo César Feital e Companhia das Ilusões. A partir daí, diversos cantores começaram a procurar mais o gonçalense e a gravar suas canções.
Em 2002, o cantor lançou Altay Veloso. No ano seguinte, gravou o álbum Alabê de Jerusalém, no qual diversos artistas, como Leny Andrade, Emílio Santiago, Bibi Ferreira, Elba Ramalho e Lenine, interpretaram suas letras.
Nesta sexta-feira, dia 21, o artista sobe ao palco do Teatro Municipal de Niterói para apresentar a ópera Alabê de Jerusalém, que é dirigida por Jayme Periard. O show intimista promete emocionar o público. A seguir, Altay Veloso dá detalhes da apresentação, de sua carreira e de seus projetos. 

Aos 21 anos você começou a compor. Conviver com instrumentistas durante essa fase colaborou para a criação das melodias de suas canções?
Foi muito importante a convivência com grandes músicos. Toquei em uma banda chamada Banda do Bando, que deu origem à Black Rio. Toquei com músicos nos quais era muito fã. Fui guitarrista durante três anos da Wanderléia e, na época, o produtor Eriberto Gismondi produziu um disco dela. Essa convivência foi vital para a minha criação. Estava do lado de um gênio.
Como foi sua experiência durante os três anos que tocou no Festival de Montreal, no Canadá?
É um Festival que sempre vou, porque tenho um grande amigo chamado Jean Pierre Zanella, que é o saxofonista número um do Canadá. Foi ele quem me levou a primeira vez ao Festival e foi uma experiência fantástica. Em 1998, acabei abrindo o show do roqueiro Johnny Clegg e toquei para 20 mil pessoas. As outras experiências também foram ótimas. Uma vez estive lá para fazer uma homenagem a Villa-Lobos. 

Durante duas décadas você se dedicou à pesquisa sobre a vida do primeiro africano que teria conhecido Jesus Cristo. O resultado disso foi o livro “Ogundana, O Alabê de Jerusalém” e também o espetáculo “Alabê de Jerusalém”. O que te levou a estudar o tema?
Era um sonho meu de muitos anos. Fui criado dentro de um terreiro. A minha avó fazia parte da Legião da Boa Vontade e tinham cultos na casa dela. Ali aprendi a conhecer Jesus Cristo, me interessei muito por ele e ao mesmo tempo pela África, que sempre pesquisei. O livro é sobre a história de Jerusalém. Antes era mais uma paixão pela palavra porque adorava a sonoridade. Mas essa paixão por Jesus Cristo me levou a escrever para a vizinhança. Escrevia como era conviver com um ser humano como ele, e comecei a escrever sobre as possíveis pessoas que teriam convivido com ele. Esse processo foi amadurecendo até que chegou o momento que achei que era importante ter um negro na vida de Jesus. Junto a isso, todo meu interesse pela África acabou sendo possível. Então, a religião africana foi de suma importância. A partir de 2000, terminei o projeto, que escrevi em poesia sobre a saga do africano Ogundana de Daomé que conheceu Jesus Cristo.
Quais são os seus próximos projetos?
Estou gravando um novo CD com meus maiores sucessos. Esse disco é um pedido de um amigo. Depois que mergulhei nesse mundo da literatura, pretendo continuar nesse meio e no meio dos musicais também. Gostei muito.
Qual o momento mais marcante da sua carreira?
A realização da ópera no Theatro Municipal do Rio de Janeiro foi muito emocionante. Estavam todos lá: o governador, os grandes bailarinos do TMRJ e muitos artistas. Foi um momento muito especial para mim. E muitos outros momentos do Alabê de Jerusalém sempre me trouxeram coisas muito boas. Bibi Ferreira, por exemplo, gravou um texto do espetáculo. Eu não a conhecia. Um amigo meu mostrou a ela a obra e ela veio até Niterói para gravar em um estúdio que fica na cidade. As emoções com o Alabê se sempre se renovam.
O Teatro Municipal de Niterói fica na Rua XV de Novembro, 35, no Centro. Às 21h. R$ 40. Outras informações: 2620-1624.

Fonte: O FLUMINENSE

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