sábado, 6 de julho de 2013

Vacinação contra papilomavírus acontece em escolas a partir de 2014

Por: Henrique Moraes 

Meninas entre dez e onze anos de idade poderão ser imunizadas na rede pública e particular.Vírus é o principal fator que provoca câncer do colo do útero nas mulheres















O Ministério da Saúde anunciou esta semana a vacinação contra o papilomavírus (HPV), principal fator que provoca câncer do colo do útero nas mulheres. A vacina será ministrada em meninas de 10 e 11 anos, nas escolas, no início do ano letivo de 2014, através do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o Ministério da Saúde, estarão disponíveis cerca de 5 mil postos, entre escolas públicas e particulares (em forma de campanha) e unidades de saúde, de maneira permanente. 
A meta do governo é atingir 80% das mais de 3,3 milhões de pessoas consideradas público-alvo. A doença é responsável por uma média de 4,8 mil mortes por ano no Brasil e a estimativa do Ministério é de que 17,5 mil novos casos de câncer do colo do útero devam ocorrer este ano. 
“Essa é mais uma medida para enfrentarmos um problema de saúde pública, que é o câncer do colo do útero – sobretudo nas regiões Norte e Nordeste e em áreas economicamente menos desenvolvidas em outras regiões do país”, informou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Ele explica que a ideia é vacinar meninas antes do início da atividade sexual. Por isso a faixa etária de 10 a 11 anos. O ministro relata que a vacinação terá intervalos de dois e seis meses entre a segunda e a terceira dose, respectivamente. 
“Temos de preparar esse público, envolver as meninas e a família, reforçar a orientação, o porquê de a faixa etária ser de 10 a 11 anos”, disse Padilha informando que a vacina terá que ter autorização dos pais. 
A Secretaria Municipal de Saúde de Niterói informou que espera orientação do Ministério da Saúde para definir o número de pontos de vacinação na cidade.
A ginecologista e obstetra Solange Regina de Oliveira, diretora da policlínica Regional Carlos Antônio da Silva, situada em São Lourenço, informa que a vacina potencializará positivamente a atuação do sistema imunológico. 
“Toda doença é fruto de uma espécie de “disputa” entre os mecanismos de defesa e os mecanismos virulentos. Se os mecanismos de defesa forem reforçados, as chances de se evitar uma doença cruelmente grave serão reduzidas”, explica a médica. 
Transmissão – O HPV é um vírus transmitido pelo contato sexual, podendo ser através do contato, da penetração ou do sexo oral. 
“Antigamente chamávamos de condiloma acuminado, que aparecia na região perineal e peniana em forma de verrugas. Depois passou a ser identificado no exame preventivo (papanicolau). Finalmente descobriu-se a ligação estreita com o câncer de colo de útero, câncer de pênis, menos comum, e em menor monta cânceres da região da boca e faringe”, explica o ginecologista Luiz Fernando Dale, especialista em reprodução humana.
Dale informa que as lesões do HPV são, na maioria das vezes, pouco evidentes. “As lesões geralmente são em pequenas áreas podendo chegar a grandes áreas de verrugas. Normalmente o indivíduo não sabe que é portador e contamina um número grande de parceiros”, conta o médico. 
O especialista em reprodução humana faz um alerta importante. Ele diz que o uso de camisinha não é totalmente eficaz para prevenir o contágio.
“Afinal, o contato com a  pele desprotegida, mesmo sem penetração, pode provocar a doença”, ressalta. 

Câncer – Para o oncologista Roberto Gil, diretor da Oncoclínica, com a vacina incorporada no calendário de vacinação do País, em aproximadamente 20 anos (tempo do contato com o vírus e o desenvolvimento do câncer de colo uterino) haverá uma redução da doença.
“O câncer de colo de útero hoje representa a segunda causa de morte por câncer no Brasil”, informa.
Gil explica que o HPV provoca também câncer de canal anal, de orofaringe (comum também em homens) e cânceres genitais, como vulva, vagina. 
“Há um espectro grande de doenças nessa região e existem vários tipos de HPV, sendo que alguns são de alta carga e outros de baixa carga”, esclarece o médico.  
O oncologista observa ainda que uma vez feito o diagnóstico de câncer de colo uterino o tratamento depende do estádio da doença. Ele diz que nos estádios iniciais a cirurgia ou a radioterapia é curativa na maioria dos casos. 
“Quando a doença se torna mais avançada, mas ainda não houve metástases para outros órgãos, fazemos radioterapia associada à quimioterapia com uma droga derivada da platina (cisplatina). Nesses casos ainda temos possibilidade de curar pelo menos metade dos pacientes”, avisa o especialista. 
Tipos – Existem mais de cem tipos do vírus, sendo que quatro deles assumem uma grande importância por estarem intimamente ligados ao câncer (tipos 6,11,16,18). A vacina contra o HPV será administrada em três doses, e protegerá contra essas quatro variações. 
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, ressalta que em 70% dos casos de câncer do colo do útero, há vestígio da presença dos subtipos 16 e 18. Barbosa, alerta ainda que a vacina não elimina a necessidade do uso de preservativo e da realização do exame papanicolau. 
“Essas meninas estarão mais protegidas, mas continuarão realizando o rastreamento (do vírus) com o exame preventivo. Mesmo protegendo contra a maior proporção dos cânceres, não protege 100%”, explicou o secretário. 
De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 11 milhões desses de exames tipo papanicolau foram realizados somente no ano passado. 

Fonte: O FLUMINENSE

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