domingo, 6 de outubro de 2013

Estudo aborda o crescimento de especialistas na área da saúde infantil


Pesquisadora da Universidade Federal Fluminense aponta que interferência médica no nascimento e criação das crianças ajuda no combate dos males modernos      














Os pais podem contar com vários profissionais responsáveis por cuidar da saúde das crianças, como fisioterapeutas, psicólogos, psicomotricistas, fonoaudiólogos, nutricionistas e dentistas. De acordo com a pesquisadora Maria Martha de Luna Freire, médica pediatra e especialista em saúde pública do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense (UFF), isto nem sempre foi assim.
Em seu estudo “Mulheres, mães e médicos”, Martha Freire aponta que foi no século XX que teve início a concepção de uma rede de assistência materno-infantil, fundamental para a queda da mortalidade infantil no mundo. É este ainda o ideal que fundamenta ações do governo brasileiro, como a Rede Cegonha, que o Ministério da Saúde quer implantar em todo o País até 2014. O objetivo é garantir às gestantes um número mínimo de consultas no pré-natal, um parto seguro e um acompanhamento pediátrico de qualidade às crianças.
A médica aponta que a expectativa era que a proliferação de especialistas na área infantil viesse a eliminar a maior parte dos problemas de saúde das crianças. No entanto, além de algumas doenças antigas ainda persistirem, há o surgimento de diversas doenças infantis modernas: alergias, hiperatividade (TDH), obesidade, ansiedade, entre outros.
“O caso da hiperatividade é extremamente complicado, segundo Maria Martha, pois há um abuso na prescrição da ritalina, receitada como medicamento para o déficit de atenção infantil. A pesquisadora explica que a ritalina pode bloquear a criatividade da criança e criar dependência química. Há casos em que poderiam ser adotadas soluções diferentes, como encaminhar a criança para a terapia ou simplesmente orientar os pais sobre a melhor forma de lidarem com a personalidade de seus filhos”, esclarece.
Martha Freire destaca que foi na década de 1920 que teve início a higienização e a medicalização da infância e da criação dos filhos, quando surgiram a pediatria e a puericultura. A Medicina buscava legitimar seu papel de ordenadora da ordem social. Foi quando os partos começaram a ser realizados por médicos em hospitais, quando as crianças começaram a ter seu peso e crescimento acompanhados e o termômetro começou a ser utilizado pelas mães para observar a temperatura corporal dos filhos.

Ela conta que revistas ilustradas, como “Vida Doméstica” e “Revista Feminina”, eram um espaço no qual os pediatras ensinavam às mães como cuidarem da saúde dos filhos sob o ponto de vista científico. No entanto, atualmente, Freire aponta um movimento diferente acontecendo, no qual há escassez de pediatras para orientar as mães e um aumento significativo de outros profissionais da área de saúde que oferecem esse suporte. A causa da redução no número de pediatras, segundo ela, é a desvalorização do papel desta especialização na sociedade e a baixa remuneração no mercado.

Fonte: O Fluminense

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