domingo, 6 de outubro de 2013

Premiada artista plástica Suzana Queiroga traz exposição para Niterói




Por: Suzana Moura 

Artista estréia neste sábado, no Museu de Arte Contemporânea, a exposição ‘Olhos d´Água’, idealizada especialmente para o MAC ,que traz à cidade escultura gigante de ar inflável 














Um exercício interno entre a arte contemporânea e as perdas da vida. Assim é a exposição Olhos d’Água, da artista Suzana Queiroga, que o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) recebe hoje. A artista, que já foi contemplada com o 5º Prêmio de Artes Marcantonio Vilaça (MINC) da Funarte, mostra nesse trabalho uma grande escultura de ar inflável, que possui o mesmo nome da exposição e que será doada ao acervo do museu como contrapartida do prêmio. Sob a curadoria de Guilherme Vergara, também serão expostas três séries de sete desenhos, três vídeos e uma pintura, todos inéditos.
Olhos D’água se relaciona com a questão da morte do pai de Suzana, na década de 60, em um acidente aéreo, na Baía de Guanabara, próximo ao aeroporto Santos Dummont, época em que a mãe ainda estava grávida da artista.
“O MAC fica exatamente em frente ao aeroporto, que seria o destino de um pouso que não aconteceu”, conta Suzana, que descreve a relação de ausência que se estabeleceu entre ela e o pai morto. “É uma relação muito interna e que foi determinante em minha vida. Como pessoa e também como artista. Com o passar do tempo, fui percebendo que esse foi um dos aspectos que me levou a ser artista. É a primeira vez que apresento essa questão para o público. Na verdade, a exposição é uma homenagem ao meu pai e a minha mãe, que sempre cuidou de mim e de tudo na minha vida com um carinho enorme, inclusive, o título da exposição é em homenagem a ela, por causa da cor dos olhos. É um trabalho muito particular de arte contemporânea, mas também com meu emocional totalmente inserido”, explica a artista.
Na exposição, Suzana também revela que começou a pintar influenciada por um quadro feito por seu pai, que ela descobriu quando tinha quatro anos. A artista fala, ainda, sobre sua relação com as cores, em especial com o azul, e explica como as escolhe para um trabalho.
“Neste momento, estou profundamente ligada a uma paleta de azuis profundos, azuis violetados, cinzas azulados e esverdeados. Minha relação com as cores agora só passa pelo que é céu, densidade atmosférica, ar, nuvem, e também mar, oceano e profundidade. Tenho um respeito tão grande pela cor, que é como se fosse algo que pairasse acima de tudo e o seu comportamento mutante, desviante e relativo é de uma poesia imensa que poucos artistas conseguem tocar. Sinto que não é uma operação meramente técnica ou objetiva, não basta saber as misturas e conhecer os pigmentos. A cor base logo me vem como algo pronto, idealizado e plenamente dominado, porém, a cor que realmente torna potente as minhas intenções diante de um trabalho somente será obtida a partir de uma busca, revalidada a cada instante, num percurso no qual é exigida a totalidade de minha atenção”, completa, que caracteriza seu trabalho exposto como uma “relação com a perda”. “ Na verdade, das dores e perda de todos nós, a perda universal. É um ciclo, de perdas e ganhos”.

Infláveis – Suzana Queiroga começou a trabalhar com infláveis há 10 anos, para ampliar seus limites na pintura. Segundo ela, trabalhar com infláveis foi um marco em sua vida.
“Mostra o que está dentro e fora do ambiente e que, no fim, acaba sendo a mesma coisa: o ar. Você vê a pintura fora do plano, no espaço. O material transparente - os reflexos do espaço em torno da película que envolve a estrutura -  se relaciona com aspectos da pintura, tais como transparências, manchas e pinceladas”, explica.
De acordo com a artista, o público irá se surpreender. Apesar de não ser a primeira vez que expõe na cidade, dessa vez a artista percorre um caminho bem diferente das outras vezes em que esteve aqui.
“A relação de Niterói com o Rio de Janeiro é muito bacana. Duas cidades separadas por uma baía, isso é extraordinário. Os espaços naturais, a história, Niterói é o lugar perfeito para este projeto. Essa exposição foi idealizada especialmente para o MAC”, ressalta.
A ideia é que o público se veja imerso em um verdadeiro transbordamento.
“As pessoas terão contato direto comigo e entenderão minha experiência de vida. Meu intuito é fazê-las parar e refletir sobre suas próprias vidas. O quanto somos moldados e o que trazemos na nossa história de vida”, resume Suzana. 

Fonte: O Fluminense

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